05 junho 2011

Guy Bourdin - retrospectiva

Assisti há uma palestra com Raul Krebs e Bernando de Souza sobre a moda de Bourdin, segue abaixo um pouco disso tudo. A retrospectiva está em Porto Alegre até 10 de Junho e está imperdível.

Foto Luisa Dorr (Retrospectiva em Porto Alegre)

Entre os anos 50 e 80, o fotógrafo francês Guy Bourdin revolucionou a fotografia de moda, elevando-a ao patamar de arte, com suas cores saturadas, composições surrealistas, temáticas bizarras, sexualidade na infância, visão sobre a TV, enquadramentos atípicos.
Guy Bourdin

Guy Bourdin

Guy Bourdin
A origem de Guy Bourdin, deve-se grande parte ao fotografo Man Ray.  Man Ray, era um fotografo relacionado ao surrealismo, que é um dos movimentos que no século passado, ao lado, do dadaísmo, cubismo, futurismo, modificou bastante o cenário cultural do mundo todo, e mais particularmente o da Europa.  Suas obras revolucionaram a maneira com oque se percebia a os padrões daquele momento, sendo eles políticos, comportamentais, culturais. Mais do que isso Man Ray foi um fotógrafo que acabou produzindo a transição, entre a posição da fotografia, autoral, artística, e a produção destinada
a publicidade. Nesse ponto podemos assimilar bastante aquilo que Guy Burdin vai fazer dentro da fotografia de moda. Man Ray acaba sendo uma espécie de mentor do Guy Bourdin, o qual era um auto Dida ta, ou seja, aprendeu a fotografar por conta própria.
Guy Bourdin vai pelas mãos de Man Ray se introduzir em alguns círculos da produção artística de Paris. Ele vai expor suas fotografias em algumas galerias, na qual em alguma delas Mas Ray de certa forma deu a chancela no trabalho dele como jovem artista, assinando sua presença.
Fotografias de Man Ray:
Durante a vida de Guy, muita coisa esta em transformação, basicamente oque vai acontecer é uma mudança na forma que se fotografa moda. Ele trabalhou durante 30 anos na Vogue Francesa com a mesma pessoa, oque gerou muita liberdade, ele consegue desenvolver um trabalho extremamente pessoal, diferente do que acontece com os fotógrafos de hoje, que não tem essa liberdade.

Guy Burdin era um homem muito culto, que freqüentava museus, acabou sua vida com uma coleção com mais de 3 mil livros de arte, ele pintava, desenha, construía os próprios cenários de suas imagens, e construía nessas suas imagens narrativas visuais, eram como teatros da vida. Elas derivavam de imagens do seu subconsciente e seu ideal surrealismo. Ele envolve uma série de fantasias, e suas fotografias nos remetem a pintura, ou seja, são fotografias muito bem elaboradas, que nos remetem isso, e o próprio cinema.
Para fazer à justa posição a imagem abaixo, do Man Ray, que pode ter a ver com pulsões eróticas, pulsões de morte, e são fantasias que podemos tentar esconder, mas sempre estão presentes e em seguida a imagem de Bourdin.
Man Ray

Guy Bourdin

E a imagem abaixo do Markits fica clara a influencia na obra do Bourdin, na multiplicação.
Markits

Guy Bourdin


Outra imagem muito conhecida, é está  do espelho que remete uma característica forte dele que são espaços pequenos, claustrofóbicos, sempre muito delimitados.
Guy Bourdin

Como eu citei acima, ele vai trabalhar por mais de 30 anos para Vogue Francesa, mas vai trabalhar também, para um designer de sapato Roland Jurdan por 15 anos. Ou seja, boa parte de produção fotografia de Guy é feita basicamente para duas pessoas.
Tudo isso quer dizer que ao longo de sua vida, consegui construir uma obra extremamente artística, ele estava pouco suscetível aos desmandos de um desinger, de um dono de uma editora, de um direto de arte, isso garantiu plena liberdade, uma obra, integra, corres, autoral. Claro que não fotografou somente para essas pessoas, ele também fotografo pra Vougue, Itália, Britânica, para Issey Miake e etc, mas foi pouco perto dessas duas pessoas.

Imagem abaixo para Charles Jourdan

Guy Bourdin
Se nós formos pensar, essa imagem acima, o sapato é apenas um acessório, e isso atraiu o interessa dos consumidores, são intigrantes, o objeto de consumo é apenas mais um elemento dessa visão altamente elaborada.
 Abaixo, uma imagem da Charles Jurdan que remete a modelo dentro de uma caixa de sapato como se fosse uma boneca, uma manequim, enfim, abaixo uma imagem da marca Marc Jacobs
Guy Bourdin


Marc Jacbos

É raro essa longevidade do Guy Burdin, era muito importante na década de 70 que para aquela geração, as pessoas ficavam aguardando qual seria o próximo anuncio feita pela Charles Jurdan. Era motivo de excitação e curiosidade.

Ele consegue tratar da morte, sublime, do sexo na infância, ele consegue tratar dos extremos, e deixá-los extramamente intrigantes, eu diria quase que leves. A violência na moda de Guy Burdin chega a ser muito mais interessante, do que cruel.
Guy Bourdin

Guy Bourdin

Vou citar alguns fotógrafos altamente reconhecidos no mercado que se inspiraram e se inspiram na moda de Bourdin, oque fica evidente em suas obas.
Guy Bourdin


Ines Van Lamsweerde e Vinoodh Matadin


São fotógrafos bem evidentes no mercado de hoje. Eles admitem a referencia. Nessa imagem abaixo fica evidente certo lesbinicionismo, alem do elemento fálico, o foguete,
assim como o próprio picolé, e na do Guy as próprias salsichas. Justaponho essas imagens:

Guy Bourdin


Ines Van Lamsweerde e Vinoodh Matadin



Uma obra de Bourdin, nunca será uma obra serena.
Não existe nada na fotografia que não tenha detalhe, os cantos, os cortes, o formato da cena. Hoje temos uma busca pela perfeição, mas o mundo não é perfeito, nós não somos perfeitos, porque a fotografia deve ser?

Abaixo postei um Clip da Modona que ela plágiou totalmente das obras de Bourdin, foi processada pelo ato, e perdeu.



Abaixo outro fotografo chamado David Lachapelle que com certeza busca as cores saturadas, ele sem dúvida alguma deve muito da sua obra ao Guy, aos excessos.
David Lachapelle

David Lachapelle

Outra coisa que acho importante ressaltar é que, ele foi um dos poucos fotógrafos que realmente entendeu a indústria da moda, ele nunca lançou nenhum livro, ele nunca vendeu nenhuma fotografia enquanto vivo, e isso não foi porque não teve oportunidade, e nem tão pouco porque não teve ofertas, ele fez isso porque não quis, ao contrario dos fotógrafos contemporâneos de hoje.
Ele tinha uma grande compreensão a respeito das imagens de moda e do meio pela qual elas eram produzidas, tanto que ele acaba sendo associado à fotografia de pagina dupla. Como ele era um excelente desenhista, normalmente ele fazia sktechs antes de fotografar, para ver como ficariam as imagens, assim ele tinha o domínio completo do campo fotográfico, onde estaria cada volume, cada textura, sabia o campo como um todo. Nas paginas duplas, por exemplo, ele sabia exatamente onde ficaria a imagem quando a revista fosse aberta, ele sabia onde a imagem ficaria na espinha dorsal e sabia, portanto que quando o leitor fosse folhar as paginas da revista, formaria essa divisão da imagem ao meio. Então todas as imagens possuem uma composição
extremamente rigorosa.  Tudo isso em uma época que não havia fotoshop. Isso vai acabar sendo a assinatura dele e vai acabar sendo reconhecido por isso.
Guy Bourdin

Guy Bourdin